Exame de sangue para diabete? Esqueça, IA faz agora em ECG.

Globalmente, estima-se que 462 milhões de pessoas sejam afetadas pelo diabete tipo 2, correspondendo a 6,28% da população mundial. Somente em 2017, mais de 1 milhão de mortes foram atribuídas a essa condição, tornando-a a nona principal causa de mortalidade.

Pesquisadores do Imperial College London e do Imperial College Healthcare NHS Trust desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial que promete identificar o risco de diabete mellitus tipo (DM 2) até 10 anos antes dos primeiros sinais da doença.

A ferramenta, chamada AI-ECG Risk Estimation for Diabetes Mellitus (AIRE-DM), analisa eletrocardiogramas (ECG) de exames cardíacos rotineiros para detectar alterações sutis que podem indicar risco futuro de DM 2. Essa abordagem pode permitir intervenções precoces, ajudando as pessoas a adotarem mudanças no estilo de vida para evitar o desenvolvimento da doença.

A equipe de pesquisa, liderada pelo Dr. Fu Siong Ng, cardiologista, desenvolveu o AIRE-DM com base em um banco de dados de cerca de 1,2 milhão de ECGs de registros hospitalares. Para validar a eficácia da ferramenta, os pesquisadores utilizaram dados do UK Biobank, comprovando que a IA pode identificar riscos anos antes dos níveis de açúcar no sangue começarem a subir.

O Dr. Libor Pastika, pesquisador clínico do Imperial College London, destacou o impacto potencial da tecnologia:

“A inteligência artificial tem o poder de transformar os cuidados em saúde. Com o AIRE-DM, conseguimos revelar insights escondidos nos dados de ECG, abrindo caminho para identificar precocemente o risco de DM 2.

Essa ferramenta oferece uma maneira acessível e não invasiva de prever a doença, possibilitando intervenções preventivas mais eficazes.

Apoiar as pessoas desde cedo, com orientações simples, pode ajudar muitas delas a evitar tanto a diabete quanto as complicações associadas a ela.”

Apesar de promissora, a ferramenta ainda não chegou à prática clínica. Estudos com o AIRE-DM e outros modelos de IA estão planejados para começar em 2025, quando será possível testar sua eficácia em condições reais.

O Professor Bryan Williams, diretor científico e médico da British Heart Foundation (BHF), ressaltou a relevância da inovação:

“Este estudo mostra como a inteligência artificial pode explorar dados que já temos, mas que muitas vezes passam despercebidos.”

Sabemos que o diabetes tipo 2 é uma das maiores ameaças à saúde global, mas com a implementação de soluções como a AIRE-DM, muitas pessoas podem evitar a doença e suas complicações, antes mesmo que se torne uma preocupação clínica.

Além disso, em 2025, o NHS na Inglaterra planeja testar outra ferramenta de IA capaz de prever, com base em ECGs, o risco de doenças cardíacas, agravamento de condições já existentes e até a probabilidade de morte precoce.


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