A batalha quem é o melhor não acaba nunca. Médicos ou máquinas? Mas será, realmente que precisamos competir? Será mesmo que essa disputa tem sentido? Sim e não.
Sim, porque só podemos dizer que algo é melhor que outro numa comparação e na Medicina, os médicos são os melhores. E, tecnólogos em saúde desejam ter ferramentas precisas e altamente acuradas. Quem melhor para ser o “grupo controle” de estudos senão os médicos?
Em mais um artigo publicado(1), foi comparado o desempenho de médicos no diagnóstico clínico utilizando LLM(ChatGPT), com um grupo que utilizou apenas as plataformas médicas(UpToDate), e adivinhem quem se saiu melhor?
O objetivo do estudo publicado no JAMA recentemente comparou dois grupos de médicos de família, emergencistas e medicina interna com o acesso a conteúdos de maneira tradicional com outro grupo usando ChatGPT. Nessa análise, não houve diferenças estatísticas significativas, mas, sempre tem um mas, quando esses grupos foram comparados com o raciocínio exclusivo do ChatGPT, esse superou seu “colegas humanos”.
Todas as análises seguiram o padrão: diagnóstico e tratamento. Além disso, foram analisados fatores de risco e tempo necessário para realização de todo o processo.
Embora ainda seja muito precoce trazermos para a realidade das consultas médicas o uso de LLMs, esse processo já ocorre. Outro estudo(2), na ICT&health confirma que mesmo os médicos tendo ciência que o ChatGPT da OpenAI não é uma ferramenta médica regulamentada, eles a usam mesmo assim. Mais de 50% deles confirmaram o uso na pesquisa.
Muitos casos estão aparecendo de familiares, pessoas leigas à medicina que utilizaram o ChatGPT para ajudá-los nos diagnósticos ou tratamento de familiares com sucesso. Muitas vezes, nem mesmo médicos chegaram ao diagnóstico. Muitos são os casos de insucesso e possibilidade de prejuízo à saúde de pessoas em desespero.
Chegará o momento em que teremos grande modelos de linguagem com precisão e autorização para condutas médicas, mas antes disso ainda precisamos ensinar médicos e estudantes a Medicina, como realizar uma boa anamnese para que consigam chegar nas hipóteses diagnósticas e, finalmente, no diagnóstico.
Somente após isso, haverá a necessidade de ensinarmos os profissionais da saúde como usar um chat de Inteligência Artificial(IA) médico no auxílio para diagnósticos clínicos. Ensinar que é uma ferramenta e que a boa medicina humana não pode ser relativizada ou enfraquecida.
Portanto, cada vez mais notamos que o cérebro humano tem suas limitações e que para elas, estão surgindo diversas ferramentas de IA que complementarão nossas capacidades técnicas e melhorarão, não só a qualidade no diagnóstico e tratamento médicos, mas também humanizarão a consulta e relação com nossos pacientes.
